Epistasia

 Existem casos em que os alelos de um gene inibem a ação dos alelos de um outro par, que pode ou não estar no mesmo cromossomo.

Esse fenômeno é chamado epistasia (do grego epi, sobre, e stasis, parada, inibição). O gene que exerce a ação inibitória é chamado epistático, e o que sofre a inibição é chamado hipostático.

Se o gene epistático atuar em dose simples, isto é, se a presença de um único alelo epistático for suficiente para causar a inibição do hipostático, fala-se em epistasia dominante. Por outro lado, se o alelo que determina a epistasia atua somente em dose dupla, fala-se em epistasia recessiva.

Um exemplo de epistasia recessiva

Os camundongos comuns podem ter três diferentes cores de pelagem:

  • preto;
  • albino;
  • aguti.

Estes fenótipos são determinados por dois locos gênicos, que interagem entre eles. Vamos separar os locos para entender o fenômeno: o loco que determina a cor da pelagem foi batizado como A. Quando o genótipo do indivíduo for A_ (este traço pode significar A ou a), ele apresentará a cor aguti e quando for aa o indivíduo terá os pêlos pretos. O outro loco apenas controla a expressão do loco A. Sempre que o genótipo do indivíduo for P_, ele apresentará o fenótipo determinado por A, e quando o genótipo for pp, o indivíduo será albino, independente do genótipo para o loco A.

Observe o cruzamento ao lado e veja como funciona esta interação:

Repare que a única "função" do loco P é controlar a expressão de A. Assim, só é possível saber o genótipo de um indivíduo para o loco P se ele for albino, e neste caso, será impossível predizer o genótipo para alelo A.

Este é um exemplo clássico de Epistasia. Neste caso ela é chamada de Epistasia Recessiva, já que ocorre quando o loco epistático exerce influência sobre o outro ao ocorrer em homozigose recessiva.

Lembrando: Epistasia é definida como a interação onde os alelos de um par de gene inibem a ação dos alelos de um outro par, que pode ou não estar num mesmo cromossomo.

Um exemplo de epistasia dominante

Há outro tipo de epistasia, que é chamada de Epistasia Dominante. Como você pode imaginar, este tipo de epistasia acontece quando o loco epistático exerce influência sobre o outro ao apresentar pelo menos um alelo dominante.

A cor da plumagem em galinhas é determinada por dois locos. Um deles determina a cor propriamente dita e o outro controla a ação deste primeiro (não esqueça que este é um exemplo de epistasia). O alelo C condiciona plumagem colorida e c plumagem branca. Estes alelos interagem com os alelos I e i, de forma que, se um indivíduo tem um alelo I no genótipo, sua pelagem será branca.

Assim, apenas as aves de genótipo C_ii são coloridas. As aves ccii são brancas por não apresentarem o alelo de pigmentação (C) e as aves C_I_ são brancas porque o alelo I impede a pigmentação. Basta que a galinha tenha o alelo I em seu genótipo (_ _ I _) para que não seja produzido pigmento. Portanto, o gene epistático I atua em dose simples, comportando-se como se fosse dominante. Daí esse tipo de interação gênica ser conhecida como epistasia dominante.

 CIcICici
CI

CCII

Branco

CcII

Branco

CCIi

Branco

CcIi

Branco

cI

CcII

Branco

ccII

Branco

CcIi

Branco

ccIi

Branco

Ci

CCIi

Branco

CcIi

Branco

CCii

Colorido

Ccii

Colorido

ci

CcIi

Branco

ccIi

Branco

Ccii

Colorido

ccii

Branco

F2


Ação gênica complementar

A cor da flor das ervilhas de cheiro

Bateson e Punnet descreveram outro caso de interação gênica ao analisarem a herança da cor da flor em plantas de ervilha-de-cheiro.

As flores, nessas plantas, podem ter coloração branca ou púrpura. Cruzando duas plantas de flores brancas de origens diferentes, obtiveram em F1 somente plantas produtoras de flores púrpura. Esses indivíduos de F1, intercuzados, produziram em F2 dois tipos de fenótipos, na proporção de : 9/16 plantas produtoras de flores púpura e 7/16 plantas produtoras de flores brancas.

Neste caso, também temos a interação de dois pares de genes na determinação de um caráter (cor da flor). A cor púrpura é condicionada pela interação dos dois genes dominates, A e B (A_B_).

Para a ocorrência de flores da cor branca, temos duas possibilidades:

  • A presença de apenas um dos genes dominantes, A ou B (A_bb ou aab_); ou
  • A ausência dos dois genes dominantes (aabb).
GenótiposFenótipos
A_B_
púrpura
A_bb
branca
aaB_
branca
aabb
branca

Detalhando os cruzamentos realizados com flores brancas de origens diferentes, temos:

PAAbb X aaBB
F1

AaBb

flores púrpuras

AaBb           X               AaBb

Gametas possíveis: AB, Ab, aB, ab

Vamos ver o cruzamento em detalhe:

 ABAbaBab
AB

AABB

Púrpura

AABb

Púrpura

AaBB

Púrpura

AaBb

Púrpura

Ab

AABb

Púrpura

AAbb

Branca

AaBb

Púrpura

Aabb

Branca

aB

AaBB

Púrpura

AaBb

Púrpura

aaBB

Branca

aaBb

Branca

ab

AaBb

Púrpura

Aabb

Branca

aaBb

Branca

aabb

Branca

F2

Quadro resumo

Proporções fenotípicas obtidas do cruzamento entre duplo-heterozigotos em diferentes formas de interação de dois genes, com segregação independente. Observe a correlação entre as proporções genotípicas e fenotípicas para cada caso.

Tipos de interaçãoGenótipos
A_B_
A_bb
aaB_
aabb
Proporção clássica
9
3
3
1
Epistasia dominante
12
3
1
Epistasia recessiva
9
3
4
Genes duplos com efeitos cumulativos
9
6
1
Genes duplos dominantes
15
1
Genes duplos recessivos
9
7
Interação dominante e recessiva
13
3

 


Video aula:

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Tipos básicos de reprodução: sexuada e assexuada

Ciclos da matéria e nas transformações e transferências de energia

A relação dos povos com a evolução da genética e biotecnologia